Blá da semana - Jovens eleitores

Muitas pessoas vêm questionando a honestidade e o comprometimento do presidente Lula para com o Brasil. Este tema virou motivo de debates, discussões e até desentendimentos entre algumas partes. Só quero dizer que como jovem também quero dar minha opinião.

Não posso ser injusta, e por isso reconheço muitas das benfeitorias realizadas pelo nosso atual presidente. Por exemplo, se não fosse sua iniciativa, talvez hoje eu não estivesse tendo a oportunidade de me qualificar profissionalmente através de uma faculdade sem ter que pagar (mais, pois de certa forma pagamos impostos que não são nada baratos! Mas isso é outra história.) pela mesma.

Muitos questionam o direito de nós, jovens, opinarmos publicamente sobre política. Acham que não temos experiência de vida o suficiente ou que não somos capazes. A essas pessoas eu só queria fazer uma pergunta: Então por que é que nos fora dado o direito de votar, interferindo na política e no futuro do Brasil, quando ainda nem éramos considerados (legalmente) ”responsáveis” por nós mesmos? Talvez porque somos nós o futuro do Brasil?! Porque talvez tenhamos a cabeça mais aberta e enxergamos coisas que as pessoas mais velhas podem não perceber, devido aos problemas do dia-a-dia, etc. (não estou dizendo que ser jovem no Brasil seja tarefa fácil, porque não é!).

A questão é que eu respeito, e muito as pessoas mais experientes, mas só digo uma coisa: Não pensem que nós jovens, sabemos tão menos, ou não sabemos nada. Pois nós temos buscado cada vez mais conhecimento, e prova disso é o “investimento” do governo na gente, que vocês tanto fazem questão de nos lembrar. Nós apenas sabemos coisas diferentes, mas quando se trata de política, não somos irresponsáveis, somos tão ou mais criteriosos que vocês, e estamos atentos e levando em conta as suas experiências também.

Muitos estão nos julgando por abrirmos mão do nosso direito de votar, de escolher, ou estamos dando nosso volto de revolta a pessoas que simplesmente não parecem levar a política a sério. Mas fica a pergunta: Se o jovem, que tem se mostrado tão criterioso está abrindo mão desse direito, ou não está tratando o voto com a devida seriedade, a culpa é de quem?

Será que nenhum dos candidatos merece nosso voto? Será que estamos tendo uma visão que as outras pessoas não estão tendo? Será que realmente no Brasil não existam políticos capazes de mudar a nossa opinião?

                Eu simplesmente não sei, mas para nós, abrir mão do voto é lavar nossas mãos para futuras decepções, por mais que não funcione exatamente assim. O sentimento de frustração do eleitor com o candidato que ele ajudou a eleger geralmente é muito forte. E deixar de votar é uma das formas que as pessoas encontram de não ter esse sentimento de culpa futuramente.

                Enfim, acho que do jeito que as coisas andam nosso futuro é incerto. Como vamos reclamar, reivindicar, exigir coisas do governo se não ajudamos a elegê-lo? Abrindo mão do voto, estaremos abrindo mão dos nossos direitos?

 E por fim, não poderia deixar de questionar: Até que ponto somos um país democrático, se muitas vezes não podemos compartilhar nossa opinião? Se muitas das vezes somos vetados e censurados, como aconteceu, por exemplo, com a proibição de fazer humor sobre os políticos (que acabou não dando em nada, ainda bem!). Mas será que a política não se trata disso? De uma grande palhaçada?! Ou será que somos nós os palhaços desse picadeiro? Porque ninguém leva a sério nossos direitos e questionamentos!  Será que o humor acabou sendo a única forma de protestar realmente eficaz, a ponto de vetá-lo? Será que só tirando sarro dessa situação que conseguimos chamar a atenção dos políticos, da mídia e da sociedade para os nossos reais problemas?

Só sei que somente com muito humor e paciência que nós brasileiros podemos aturar e superar nossos problemas, a escassez de opções honestas na política e a incerteza de uma promessa que quase nunca se realiza.

Enfim, deixo aqui o meu desabafo, a minha decepção com a política brasileira e a incerteza do meu voto.

 

Por: Maely A. A.